“Mormo” é tema de Audiência Pública

Promovida pelo Executivo e pelo Legislativo, por solicitação dos agricultores de SCS, no ultimo dia 24 de junho, na Câmara de Vereadores, o presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc, Enori Barbieri, acompanhado de uma comitiva formada por técnicos da Cidasc da Regional de Caçador, a qual SCS pertence, esteve prestando esclarecimentos sobre a doença do Mormo, zoonose grave que teve o primeiro caso de Santa Catarina detectado no interior de SCS, após 11 anos do último registro no Estado. Desde abril, data do primeiro foco, 13 cavalos já tiveram resultado positivo para o mormo, e já foram abatidos.

A reunião, que contou também com a diretora do Serviço de Saúde Animal do Ministério da Agricultura Silvia Mendes, de representantes da Gerência de Saúde de Videira,do MTG de Santa Catarina e dos municípios de toda a região, teve início com o pronunciamento da prefeita Sisi Blind, que agradeceu o pronto atendimento da Cidasc em prestar os esclarecimentos necessários à população sobre a zoonose que, segundo ela, é um dos temas mais importantes já discutidos em audiência pública no município até então. “São três os questionamentos necessários nesta audiência. A possibilidade de uma contra prova, caso o resultado para a doença do mormo seja positivo; o valor da indenização paga aos proprietários dos animais sacrificados; e a forma da execução, haja vista que os agricultores argumentam que tem sido adotada uma prática cruel para o abate, sem conversa prévia com os produtores”, adiantou a prefeita.

Em nome dos agricultores, Volni Cassul fez uso da palavra dizendo se tratar de uma situação bastante delicada, em que os agricultores precisam de mais atenção por parte da Cidasc, já que o município é o mais afetado em todo o Estado. “Quero de forma especial pedir que a Cidasc estude a possibilidade de retirar o animal da propriedade quando for programada a execução. Estamos muito apreensivos com a forma em que se está dando o abate, com a presença da Polícia Militar. É um processo doloroso para as famílias acompanhar o sacrifício dos cavalos, principalmente para as crianças, que certamente nunca esquecerão a cena”, explicou.

A secretária de Saúde Sandra Cassul Fernandes fez um breve relato de como tem acontecido o procedimento de abate dos animais infectados, com o auxílio dos proprietários que conduzem os animais até a equipe responsável pela execução e, sem qualquer utilização de material de proteção, ficam expostas ao contágio. “Estamos apreensivos com os animais, mas não podemos nos esquecer das pessoas. Nosso receio é com a forma de contaminação. Se a equipe de execução usa luvas, botas, máscaras e macacões para o procedimento, porque os agricultores tem a tarefa de conduzirem os animais sem qualquer proteção? Fica a indagação e o pedido que seja revista a forma de sacrificar esses animais”, desabafou.

O presidente do MTG de Santa Catarina Orides Pompeo destacou a atitude do município em promover o evento que, além de tão importante para esclarecer dúvidas, será fundamental para ajudar os agricultores numa luta que não pode ser só deles, mas de toda a população.

Ao responder os questionamentos, o presidente da Cidasc Enori Barbieri falou da necessidade da presença da Cidasc e da sua função de sanar o mais breve possível a questão. “É um compromisso da Cidasc com o município e em respeito aos agricultores. Quero dizer que o governo do Estado está ciente de estarmos aqui hoje, até porque, é aqui que o mormo está e é aqui que precisamos levar informações a todas as famílias e, sobretudo, corrigir algumas coisas”, assegurou.

De acordo com o presidente, em relação à prática adotada para o abate, a Cidasc vai rever sua posição, conversar com o Ministério da Agricultura e estudar uma maneira mais branda de fazer. A Polícia Militar é responsável por executar o animal, haja vista  o procedimento ser feito com arma de fogo, o que não é permitido aos técnicos da Cidasc. Sobre a indenização, que hoje é de R$ 300, a orientação é para que se aguarde o restante dos exames e se converse com a Prefeitura para aumentar a quantia, o que, segundo solicitação da própria prefeita, em audiência realizada na última semana em Chapecó, já está sendo estudado pela Secretaria de Estado de Agricultura, com decisão favorável nos próximos dias. Já em relação à contra prova, que é a solicitação de um novo exame por parte dos agricultores, o presidente explicou que, de acordo com a legislação, já são realizadas duas técnicas de diagnóstico, uma chamada de Fixação de Complemento e o outro exame de Western Blot. “São exames precisos e, para se ter uma ideia, foram realizados nove mil exames com animais de todo o Estado, apenas 17 foram com resultados positivos. Se duvidarmos dos resultados positivos, teríamos de duvidar também dos resultados negativos. Todos os animais passaram por duas comparações de resultado antes do abate. A legislação não permite testar os animais mais uma vez, salvo em determinações judiciais”, revelou.

Outro questionamento do município é em relação ao fluxo de informações, para que a informação chegue com rapidez à Gerência de Saúde, para esta acione a sua força de trabalho no município também em cima da suspeita da doença e não somente depois da confirmação do diagnóstico, assim a equipe da vigilância epidemiológica poderá orientar todas as pessoas que convivem com o animal.

Para complementar, ao Ministério da Agricultura coube a tarefa de esclarecer sobre os exames realizados para detectação do mormo, de acordo com a legislação pertinente. 

A pedido do presidente da Cidasc, técnicos, médicos veterinários, fizeram explanação sobre o mormo, apresentaram imagens de animais acometidos com a doença e falaram da realidade do foco em todo o Estado, mais especificamente em SCS, que registra 17 propriedade investigadas, seis propriedades com casos de mormo e 11 propriedades suspeitas. Após explanações, toda a equipe da Cidasc se posicionou a frente do plenário para responder os questionamentos dos presentes.

Antes de encerrar, o presidente da Cidasc, em nome da Instituição, se comprometeu em fazer um trabalho diferenciado em SCS e para o saneamento ao redor dos focos, estabelecer um programa financeiro para coletar material de todos os equinos do município para fazer o exame. Segundo dados da Cidasc, SCS conta com 450 animais cadastrados junto ao sistema. “Queremos que a população de SCS acredite no nosso trabalho. Quando se faz serviço de saúde animal, se faz saúde pública e, por isso, queremos contar com a parceria de todos”, concluiu.

 

 

Encaminhamentos:

– Comprometimento de procedimentos mais humanizados no sacrifício dos animais infectados;

– Valor maior para indenização dos produtores;

– Estudar a possibilidade de rever o local para abate dos animais, fora da propriedade;

– Exames em 100% dos equinos de SCS.